quarta-feira, 6 de março de 2024

Passos, de Alessandra Steilman

   


Passos

Alessandra Steilman

 

Primeiro eu esperei no mesmo lugar, onde você sempre soube que me encontraria, depois dei passos para trás, foi necessário me afastar. Mas não porque perdi o interesse, o sentimento, ou por não sentir falta, mas sim porque era doloroso demais ver você de longe não se interessando, não se esforçando e o pior, provavelmente não sentindo. Não era pra ser. Dizem. Mas o problema é que eu me doei, senti e me empenhei para que fosse. Eu tive fé que seria, e não será mais. Nunca mais. E dói.

Inclusive, o sentimento ainda existe e não importa o quanto eu possa ter sofrido em vão ou me magoado porque quando você ama e é leal à alguém você o ama com todas as feridas, incêndios, traumas e defeitos. Sempre se vê além. Em um amor real você assume o risco, e continua até onde for possível aguentar. O amor é real, mas exige empatia e coragem.

Eu queria que não fosse assim para seguir, queria que existisse um botão de liga e desliga, facilitaria a minha cura e amenizaria a saudade que salta do nada no meio do meu dia. Malditos gostos parecidos, malditas manias que peguei de ti e maldita vontade de te ter por perto.

Há dias em que acho que a superação está há poucos passos do fim, em outros dou três passos pra trás e eu não sei até quando isso vai, eu não sei quanto vai durar.

Estou tentando fazer o que acredito ser o certo, mas meu coração nem sempre concorda e eu vivo em constante conflito comigo mesma, pois apesar das minhas dores quero que saiba que eu não tenho remorso, que eu não quero que você sofra, que eu continuo aqui para quando estiver difícil suportar o peso do mundo ou quando sua mente estiver te fazendo acreditar que você é um vilão de novela mexicana (você não é) e eu não quero mesmo que se esqueça do tempo em que fomos nós. Quero que lembre com carinho, assim como eu. Essa é a direção dos meus passos, e eu espero (quase sonhando) que dos teus também.

 

 

LUZ

Eu olho para a tela do celular esperando que chegue uma mensagem de um número estranho. Apaguei teu contato, então na verdade espero uma mensagem sua. Mas não qualquer mensagem... uma daquelas dizendo que ainda tem na memória as coisas que você costumava elogiar em mim, que lembra das nossas conversas profundas, que sente falta das minhas palavras, mas mais ainda da minha presença ao teu lado. As mensagens não vão chegar, estou certa que essa não é uma daquelas histórias que terminam com um "felizes para sempre". Não há como negar que tivemos tempo para tentar. Não existe dúvida, era o limite, o fim. Eu não sei mais se isso é bom ou ruim, ter insistido tanto só fez aumentar a saudade e as frustrações. Tanto esforço para quê? Para se sentir um trapo que precisa deixar ir todas as expectativas que você alimentou em mim? Como eu faço isso? Eu tento me distrair, mas além das lembranças, você também deixou o medo de me envolver de novo. Porque contigo foi assim sem querer, em um piscar de olhos o sentimento já tinha tomado conta. Me sinto perdida. Marco compromissos que tenho medo de ir. Eu sempre fui coragem. Algo aqui dentro está fora do lugar. Não me reconheço. Preciso entender o que está acontecendo. Preciso me curar, mas nem sei bem o que quebrou. Só sei que estou em cacos. A minha última esperança é conseguir fazer um mosaico bonito e colorido, que me faça acreditar novamente, me lembre quem eu sou. E que fique lindo quando eu recuperar a luz que foi se apagando com a tua indiferença.

VOA

Eu olho para a tela do celular esperando que chegue uma mensagem de um número estranho. Apaguei teu contato, então na verdade espero uma mensagem sua. Mas não qualquer mensagem... uma daquelas dizendo que ainda tem na memória as coisas que você costumava elogiar em mim, que lembra das nossas conversas profundas, que sente falta das minhas palavras, mas mais ainda da minha presença ao teu lado. As mensagens não vão chegar, estou certa que essa não é uma daquelas histórias que terminam com um "felizes para sempre". Não há como negar que tivemos tempo para tentar. Não existe dúvida, era o limite, o fim. Eu não sei mais se isso é bom ou ruim, ter insistido tanto só fez aumentar a saudade e as frustrações. Tanto esforço para quê? Para se sentir um trapo que precisa deixar ir todas as expectativas que você alimentou em mim? Como eu faço isso? Eu tento me distrair, mas além das lembranças, você também deixou o medo de me envolver de novo. Porque contigo foi assim sem querer, em um piscar de olhos o sentimento já tinha tomado conta. Me sinto perdida. Marco compromissos que tenho medo de ir. Eu sempre fui coragem. Algo aqui dentro está fora do lugar. Não me reconheço. Preciso entender o que está acontecendo. Preciso me curar, mas nem sei bem o que quebrou. Só sei que estou em cacos. A minha última esperança é conseguir fazer um mosaico bonito e colorido, que me faça acreditar novamente, me lembre quem eu sou. E que fique lindo quando eu recuperar a luz que foi se apagando com a tua indiferença.

 

A COR DA DOR E O MAR (OU CONTINUA)

Vestiu-se da cor

De sua dor

E a noite bonita

Pedia passos na areia

Queria que a dor

Não fizesse lembrar

Queria que a dor

Não tivesse cor

Vestiu-se também

Do tempo que a dor existe

Em seu vestido longo e preto

Quis sentir o mar

A noite, por coincidência

Pintou o mar da mesma cor

Que a cor da dor que sentia

A areia molhada, a onda sussurra

Mais perto, mais perto

A onda vem fria nas pernas

Mas não é incomodo

É o consolo da praia

Aos poucos a dor se funde

Com a cor escura do mar

E não é mais apenas a cor

Que une o mar e a mulher

São os mistérios que escondem

Os monstros que abrigam

E a imensidão de ser

Que os faz ter tanta vida

A onda vem fria nas pernas

Mas volta levando areia e a dor

Uma, duas, três vezes... Tudo se foi

Consolada, se despede da praia

Ela se esforça buscando palavras

O verso de seu poema preferido

Emerge em sua mente:

"Mas o coração continua"

A cor não carrega mais dor.

E a mulher, mais uma entre tantas vezes

Continua.

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Ainda somos e vivemos como nossos pais?

 


Síndrome da Raposa

Guilherme Guiraldelli Moreira[1]

Nessa vida já fui de tudo. Desde criança, eu já permitia meus devaneios e criatividade exacerbada. Na infância fui tudo que a mente me permitiu enquanto vivia com pessoas que não entendiam o que se passava na minha cabeça. Delas eu tinha pena, por serem limitados e não entender o quão extraordinário era o que minha imaginação podia criar...

Enquanto vivíamos nesse sistema imposto, corrupto e malhado, antes mesmo de eu nascer... Já dizia Cazuza! Outra que dizia era Elis. E como ela dizia! Pena mesmo é só entender Elis depois de adulto. Imagina o quão extraordinário minha imaginação poderia ter criado na infância?

Voltando no que ela dizia, mesmo que crescemos e conseguimos ter atitudes distintas de quem nos criou, ainda somos e vivemos como eles. Um outro que escreveu sobre isso foi Vygotsky. Para ele, a fonte primária da formação da pessoa é onde uma criança cresce. Para contribuir, li Foucault que menciona os corpos transformados na medida em que os reguladores da sociedade têm necessidades. Pena, de verdade, é isso: eu demorar tanto tempo para ter esse conhecimento. Imagina o quão extraordinário minha imaginação poderia ter criado sabendo disso tudo...

Mas tá tudo bem. Poderia ter sido, mas foi melhor assim. Se muita gente já não me compreendia com as parcas informações que eu tinha, poderia, com estes outros saberes, parar em um manicômio, apenas por ter acesso a esse saber. Não tenho dúvidas! Eu conheço esse pessoal há quase 35 anos dessa existência. E quer saber? Foi melhor assim!

Eu fui crescendo, como nossos pais, assim eles como nossos avós, e assim por diante. Fui moldado e adocicado para me "encaixar" na sociedade, porém minha imaginação e criatividade continuaram na ativa. Para que bens materiais fossem garantidos ao usufruto da família, eu precisei trabalhar, quando na minha infância foi necessário contribuir. Se eu pontuar o tanto de atividades remuneradas que desenvolvi, dá para esgotar caracteres em uma mensagem de WhatsApp e eu não me lembrar de todas. Mas na verdade, o que realmente importa, é que quando eu estava no desempenho de minhas funções, minha imaginação extraordinária estava me projetando para fora daquele sistema. Pensa numa capacidade incrível de arquitetar planos...

Pois bem, minha mente e imaginação planejam diariamente tantos sonhos, desejos, tantas metas a conquistar...

Não significa que não estou satisfeito com o que tenho e vivo. Significa que eu tenho a esperança que tudo pode melhorar. Tanto para mim, quanto para a humanidade no geral. E mesmo compreendendo as infinitas possibilidades do incerto, eu prefiro cocriar na minha imaginação, essa possibilidade incrível que ainda há de ser...

Enfim, eu só apresentei estes fatos até o momento, para dar contexto e justificar o laudo de um transtorno que eu acabo de descobrir que tenho. Esse transtorno ainda não foi catalogado pela comunidade científica, nem possuí estudos sobre, ou tratamento indicado. Eu acabo de descobrir e cunhar o transtorno. Deixo registrado, caso algum dia, alguém venha a apresentar estereotipias semelhantes. Batizei este transtorno de Síndrome da Raposa. O nome deriva da personagem Raposa, presente na obra O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry.

Essa raposa também diz muita coisa, viu...

Uma das coisas que ela diz é sobre como cativar e também ser responsável por aquilo que ativa. E é isso que caracteriza a síndrome – que por sinal, possui semelhanças com o Complexo de Electra e, também, com o complexo de Édipo[2].

A título de curiosidade, eu só conheci o livro do pequeno príncipe e a personagem da raposa há menos de 10 anos. Imagina se houvesse ocorrido antes o que minha imaginação extraordinária da infância teria sido capaz de fazer...

Percebendo algumas trajetórias que se repetem desde a infância, cunhei o termo. Tudo surge de um devaneio de entender os círculos e ciclos da minha vida enquanto, parafraseando Maria Rita, percebo as repetições da vida na estação. Diariamente. Talvez o transtorno poderia se chamar de "Síndrome da Raposa Perdida", ou então, "Síndrome da Raposa de Maria Rita". Acho melhor explicar o que acontece comigo, a repetição de padrões e cabe a você decidir um nome melhor qualificado.

É assim:

Tudo começa com você (não você leitor, mas sim você, a pessoa a quem dedico minha atenção quando estou em momentos de crise). Você tem vários nomes, várias idades, vários gêneros, várias sexualidades, várias etnias. Você nunca é uma pessoa só, você apresenta alteridade conforme a vida vai/foi passando.

Agora percebi que eu carrego essa síndrome desde criança, auxiliada por minha imaginação extraordinária e ela está comigo até hoje. O que muda é o tempo de duração das crises. Lembra que na história do pequeno príncipe a raposa ensina a cativar e aponta a responsabilidade sobre esse cativar?

Acompanhe minha situação:

Na minha infância, por volta dos 4 a 5 anos, eu me encantei por você. Uma moça que, apesar de ter 15 anos, era por mim completamente admirada. Eu fazia de tudo para cativar sua atenção, queria estar presente, ser necessário na sua vida. Até que eu me mudo do bairro e nunca mais te vejo. Fico sem poder sentir o que sentia.

Minha segunda crise foi aos 9 anos. Você se apresenta de uma forma "inalcançável" para mim. Mesmo sabendo da nossa diferença social, eu começo a te admirar, cultivar um encantamento por você e, tentando me fazer necessário na sua vida, investi em inúmeras tentativas de cativar sua atenção! Até que em determinado dia, o ensino fundamental chega ao fim e cada um de nós segue sua vida. Mais uma vez eu não disse o que sentia.

A próxima crise, se apresentou em meados do primeiro ano do ensino médio e durou três anos. Dessa vez, você é uma garota enigmática, fala de magia, bruxaria e energias. Você se torna meu alvo de adoração. Eu te idolatro, cultivo admiração, faço de tudo para estar perto, tento cativar sua atenção, ser necessário! Dessa vez, tento fazer algo diferente e me declaro para você! Ao não corresponder ao que disse que sentia, ao recusar receber minha atenção, você partiu meu coração. Não pela recusa, mas pelas palavras duras e sem empatia que utilizou para recusar o que eu gostaria de te dar. Essa crise demorou a ser superada.

Contudo, o tempo passa, eu estou com quase 22 anos e você entra novamente na minha vida. Dessa vez é um homem, dois anos mais velho que eu. O que começo a sentir por você despertou coisas que até então eu fazia de tudo para esconder. Novamente quero estar perto, novamente tento cativar sua atenção, dessa vez me declaro a você e ao mundo!

Dessa vez, você vê que me ter a seu lado pode ser vantajoso. Não para corresponder às minhas intenções. Pelo contrário. Você se utiliza esse sentimento declarado para alimentar seu ego, para que eu seja seu confidente e encubra as vezes que fugiu de sua família. Numa dessas fugidas, você encontra alguém e começa a compartilhar a vida com ele. Apesar disso, você quis me manter por perto. Em um jogo de “morde e assopra”, manteve o que eu fiquei disposto a fazer por você! E...

Seu companheiro foi embora, você atrás dele e eu... Eu fiquei aqui. No entanto, mantivemos contato. E... Você me convida a ir atrás de você. Você me diz que se sente só. Eu largo tudo aqui e vou para o Rio Grande do Sul. Atrás de você. Para cativar sua atenção, me fazer necessário na sua vida. Mal cheguei, brigamos. E, então inicia um longo tempo sem se bicar...

Daí em diante, as crises em mim foram se tornando menores em tempo de duração.

Mas eu ainda me declarava...

Teve aquela vez em que você era um estudante de nutrição, dividia quarto comigo, adotamos um urso de pelúcia juntos... Descobri que para você eu sempre fui um amigo. Esta crise durou um ano e meio.

Naquela outra vez, durou um ano, quando você era aquele estudante de filosofia. Em outra, você foi o carinha do cinema, que se preocupava comigo e me fazia sentir bem. Esta nova crise durou outro ano e meio. Naquela época você disse que era impossível me acompanhar pois sua sexualidade não era compatível com a minha.

Daquela outra vez, que você foi o estudante de letras perdido, que chegava no meu quarto perdido, procurando alguém para estar perto, foram apenas 8 meses...

E, depois, aquele outro estudante de filosofia. Eu sentia que você até retribuía o que eu fazia por você, mas, dessa vez, era você que estava perdido nas suas desilusões. Então eu volto para casa. Para São Paulo.

Durante uma pandemia toda eu não vislumbro você em lugar nenhum. Até que eu chego na Unesp. Você e eu agora seguimos um padrão. Para começar, eu não me declaro mais. Você agora é sempre um estudante de história, exceto daquela vez que você era estudante de serviço social. E o tempo de duração das crises é de 4 meses.

Agora, pense bem, não é que você tá aparecendo novamente, com outra configuração do ser...

E é a partir da sua chegada que eu percebi e faz me entender a "Síndrome da Raposa". Eu percebo que é um transtorno, por ser uma armadilha que eu mesmo crio. Eu já estou tentando me fazer presente na sua vida, tentando cativar sua atenção, tentando me fazer necessário.

Hoje, chegando aos 35 anos, percebo que além de causar esse transtorno, vejo que não sei me relacionar com você. Nenhuma vez que você esteve na minha vida eu consegui me fazer entender. Compreendi também que você se aliou a minha criatividade extraordinária, para me auxiliar na projeção do melhor. Aquela que eu sempre tenho esperança. Confesso, a esperança maior é de que um dia minha síndrome não seja tão assustadora para você e que consiga compreender é que eu quero a sua companhia para projetar junto de mim. Até esse dia chegar, eu encontrarei você em infinitas possibilidades, tentando te cativar, me fazer presente e necessário na sua vida. Quiçá, possa ter um futuro no qual eu tenha cativado você de tantas formas diferentes e perceber que, no fundo, cativei a mim mesmo.

Cativei para ter vontade de seguir adiante.

Pode ser, quando esse dia chegar, que você encontre com algum outro você, ou até outra pessoa, ou que você também continue sozinho. Isso não importa. O que importa é que eu serei eternamente grato e trarei na memória todas as crises que você me possibilitou.

Todas as vezes em que você me permitiu ir além.

Talvez eu chegue no fim da minha experiência terrena e vou me encontrar sozinho fisicamente. Mas nunca estive sozinho.

Sempre tive você, fazendo parte da minha vida, desde a minha infância. Graças a uma imaginação extraordinária, à "Síndrome da Raposa" e à você!

Ah, e, afinal, depois de tanto papo de maluco, o que pensa da síndrome que sofro?

 



[1] Pedagogo, Especialista em Educação, Graduando em História, escreveu este texto em 04/09/2023.

[2] Termo criado por Freud e inspirado na tragédia grega Édipo Rei, designa o conjunto de desejos amorosos e hostis que o menino enquanto ainda criança experimenta com relação a sua mãe, e embora seja muito discutido na área da psicologia e psicanálise não é uma teoria cientificamente aceita por carecer de evidências. O suposto fenômeno psíquico também ocorre nas meninas com relação ao pai, mas a este se dá o nome de Complexo de Electra.

Esparsos, não perdidos

Olá

Em 2024, aqui no blog da sala de leitura, vamos publicar textos diversos e esparsos de pessoas que circularam por este ambiente universitário  a sala de leitura Erico Verissimo  em tempos idos.

Intitulei esta série de publicações como “Esparsos, não perdidos”.

O primeiro – "síndrome da raposa" – foi escrito pelo Guilherme. Eu o conheci como estudante de Pedagogia e tive o prazer de vê-lo em sala de aula, atuando como professor estagiário com uma turma inteligente e criativa. Isso em Pelotas, entre os anos 2013 e 2018.

Guilherme alçou voo, estuda, pensa, escreve, ama. Seu escrito é corajoso, intenso, único.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Maçã do amor ou do pecado?


Um depoimento sobre o GELL na rua...

Daniela Castro

 

Ao participar do evento “Projeto Ruas de Lazer”, não posso deixar de me referir a impressão que minha personagem – a Branca de Neve – teve e deixou impressa nas pessoas que por lá circularam. O evento “Ruas de Lazer” aconteceu no domingo, 22 de maio de 2022. Para Branca de Neve, foi mais um “dia de sair do livro, dos Contos de Fadas, para realizar uma intervenção literária com o público”. Ao fim do dia, constatou: “foi uma vivência de magia e encantamento”.

Através das palavras que atribuo à personagem Branca de Neve, quero complementar que a Literatura, representada por um grupo de personagens nesse domingo ensolarado de maio, propôs, despretensiosamente, uma interação com pessoas que caminhavam pela rua especialmente preparada pela UFPel para lazer.

Brincando, rindo, fazendo fotos, pretendemos e conseguimos levar ao conhecimento delas, que a imaginação é possível em todas as idades. Que as personagens representadas pelos corpos de professoras e futuras Pedagogas, fazem com que os olhares se voltem e questionem se tudo aquilo é “verdade”.

Ao olhar com desejo para uma maçã vermelha ofertada pela Bruxa, questionam-se: está ou não envenenada? Foi roubada? Quais as intenções da personagem ao apresentá-la para uma mordida?

Lembro que um dos transeuntes perguntou, insistentemente, ao  ser convidado a mordê-la:

– É maçã do amor ou do pecado?


Imaginação e encantamento

Acreditar no mundo da imaginação e do encantamento é “coisa de criança”? Um adulto também pode desenvolver seus sentidos quando lê um livro? E quando se encontra com uma fada?

Foi este um dos motivos que nos levou ao “Ruas de Lazer”.

Pretendíamos e, sei, conseguimos oportunizar às pessoas que lá estavam – jovens, velhos, crianças, sozinhos ou com seu familiares e amigos – uma tarde divertida, lúdica. Na tarde ensolarada, na rua, fadas, bruxas e eu, a Branca de Neve, revivemos com outros expositores e personagens da vida real, momentos que integram nossas infâncias e vida adulta, se assim o quisermos.


sexta-feira, 20 de agosto de 2021

14º Jogo do Livro: 1 a 26 de novembro

 


14º JOGO DO LIVRO E 4º SEMINÁRIO INTERNACIONAL LATINO AMERICANO - Literaturas materialidades acessos


O 14º Jogo do Livro e 4º Seminário Latino-Americano: Literaturas, materialidades, acessos será realizado integralmente no modo online, por intermédio de atividades assíncronas e síncronas, que acontecerão em dois momentos: de 1 a 19 de novembro, atividades assíncronas, e de 24 a 26 de novembro, atividades síncronas.

O Jogo do Livro é um encontro bianual de trabalho e de intercâmbio de experiências, promovido pelo Grupo de Pesquisa do Letramento Literário, que integra as ações do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (Gpell-Ceale-FaE/UFMG). Ao longo dos seus mais de vinte anos de existência, o Gpell consolidou-se como um espaço de discussão e divulgação de pesquisas sobre o letramento literário entre professores da educação básica, professores e alunos da graduação e pós-graduação.

Desde 1995, o evento Jogo do Livro vem tratando, em cada uma de suas edições, das práticas de leitura de leitores-alunos e leitores-professores, tendo em vista discussões sobre a produção literária em suas variadas formas de expressão para crianças e jovens. O centro de suas discussões são os sentidos do letramento literário a partir de reflexões sobre meios de apropriação e uso de expressões literárias dentro e fora de contextos escolares.

Em 2021, com o tema Literaturas, materialidades, acessos, a 14ª edição do evento abordará diversas formas de manifestação e de acesso a expressões literárias, seja por intermédio do texto escrito, do texto oral, ou do entrecruzamento multimodal de linguagens das mídias tecnológicas contemporâneas. O evento está organizado a partir de três “trilhas” que compõem os eixos temáticos do XIV Jogo do Livro: “Enunciações periféricas”, “Poéticas de campos & cidades: a diversidade n(d)as trilhas”, “A barriguda e o baobá: o mundo narrado ao pé da árvore”.

As inscrições para apresentação de trabalhos no 14º Jogo do Livro e 4º Seminário Internacional Latino Americano: Literaturas, materialidades poderão ser feitas de 17 de agosto a 12 de setembro de 2021. A apresentação de trabalhos (relatos de pesquisa ou relatos experiência) será feita totalmente online, de modo assíncrono, por intermédio de áudios ou vídeos, que serão previamente gravados pelos participantes conforme orientações disponíveis em https://docs.google.com/document/d/1EyyAy8RH117qapJ6hWDQ2dShYtXtYdMx/edit .

Os interessados deverão submeter resumo do trabalho a ser apresentado em [...]. Os resumos deverão ser inscritos em uma das três “trilhas” que compõem os eixos temáticos do evento: “A barriguda e o baobá: o mundo narrado ao pé da árvore”, “Enunciações periféricas” e “Poéticas de campos & cidades: a diversidade n(d)as trilhas”.

1) A barriguda e o baobá: o mundo narrado ao pé da árvore
A história do Brasil e da América Latina revela expressões artístico-culturais inscritas em uma tessitura de variados intercâmbios, no encontro de distintas vozes. Historicamente, muitas dessas vozes, especialmente indígenas e afrodescendentes, têm sido silenciadas e apagadas por processos colonizadores diversos propagadores de exclusões e preconceitos. Pretende-se nesta trilha abordar expressões poéticas indígenas e afrodescendentes que, frequentemente, resistem às margens das culturas escritas e se manifestam principalmente por intermédio de expressões orais. O enfoque em artes verbais indígenas e afrodescendentes, no Brasil e na América Latina, representa a possibilidade de visibilização de vozes historicamente silenciadas e configura-se como um convite desafiador à abordagem de questões variadas: Como se constituem relações transculturais em países latino-americanos, que possuem histórias que se aproximam, mas que, ao mesmo tempo, apresentam-se de modos distintos? O que descobrimos por intermédio dos acervos de artes verbais indígenas e afrodescendentes permeados pela diversidade de epistemologias e de encontros transculturais? Como vozes indígenas e afrodescendentes resistem e se expressam no Brasil e na América Latina?

2) Enunciações periféricas
Esta trilha atende à temática geral do Jogo do Livro 2021, Literaturas, materialidades, acessos, na medida em que se propõe a explorar o lugar de quem produz, o lugar da produção e o lugar das materialidades no contexto geral das linhas de força que organizam o campo literário, dentro da diversidade/desigualdade social. Assim, pressupõem-se todos e tudo que demarque um lugar do fazer literário: são os autores que escrevem e ilustram, editores que produzem, mídias que determinam um modo de organização, a materialidade que orienta um olhar de apresentação, leitores que têm muito a dizer. A proposta está estruturada em três dimensões que comporão a trilha “Enunciações periféricas”: fluxos semióticos, fluxos materiais, fluxos sociais. Compreende-se que estas dimensões estão incorporadas e relacionadas entre si, de forma a cumprir seu papel social no campo da experiência literária.

3) Poéticas de campos & cidades: a diversidade n(d)as trilhas
Autoria diversa, múltiplas poéticas e suas recepções. Circulação vária, independente, marginal, periférica e hegemônica. Suportes plurais, a voz, o livro, a canção, o vídeo, as mídias sociais e as novas mídias. As literaturas com e sem adjetivos. A escolarização das literaturas africana, afro-brasileira e indígena.

INSCRIÇÕES ABERTAS ATÉ O DIA 12 DE SETEMBRO DE 2021 ÀS 23:55

Pedimos também que se inscreva no nosso canal de youtube, vinculado ao nosso e-mail: jogodolivro2021@gmail.com

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Patrimônio Imaterial: Pelotas e a Sala de Leitura...

 



Um final de semana para a cultura imaterial...

Cristina Maria Rosa

A cidade de Pelotas, através da Secretaria Municipal de Cultura, solicitou minha contribuição para a Semana do Patrimônio. Nosso trabalho na UFPel é considerado Patrimônio Imaterial. Por isso, autorizei a publicação do link de meu Blog (https://crisalfabetoaparte.blogspot.com/), e de mais dois Blogs que coordeno: o do PET Educação (http://peteducacao.blogspot.com/)e o da Sala de Leitura Erico Verissimo (http://saladeleituraericoverissimoufpel.blogspot.com/).

Além disso, enviei a eles dois programas de áudio que foram ao ar em 2020 e continuam disponíveis. É o programa Minutos Literários (https://soundcloud.com/minutosliterarios) e Primeiras Páginas (https://soundcloud.com/primeiraspaginas).

Aqui, o programa completo para deleite e participação: https://pt-br.facebook.com/DiadoPatrimonioPelotas/photos/pb.171852529651546.-2207520000../1912527018917413/?type=3&theater

Mais em: @DiadoPatrimonioPelotas



quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Grupo de estudos em Leitura Literária

 


GELL: avaliando 2020

Cristina Maria Rosa

 

O GELL, grupo de estudos em leitura literária que lidero na FaE/UFPel desde 2006, atuou, em 2020, em diferentes frentes. Impossibilitados de nos reunirmos presencialmente, encontramos modos de ser e estar a distância.

Assim, conversamos sobre literatura de forma online e, nas trocas de informações literárias via Watts App, enviamos e recebemos dicas, sugestões, títulos de livros, nomes de autores e textos relevantes. Também participamos de lives e demos entrevistas a jornais e – fizemos muito – escrevemos matérias para publicar em nosso blog. Clique aqui para ler: http://crisalfabetoaparte.blogspot.com/ e http://saladeleituraericoverissimoufpel.blogspot.com/

Outros professores

Em 2020, conhecemos o trabalho literário de quem iniciou como docente em casa ou nas redes: o Leonardo, a Ieda, a Pâmela, a Joseane e a Jéssica. E vimos quem já trabalhava se reinventar, como a Estefânia e a Cristina, Erica, Antônio Maurício, Cátia, Daniela, Carla, Ellem, Carmen, Cristiane, Isabel, Sibele. Se quiseres conhecer o que estou relatando, clique em: https://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2020/06/15/pet-educacao-investiga-trabalho-remoto-de-professores/ e https://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2020/06/30/pet-educacao-entrevista-docentes-em-trabalho-remoto/.

Foi um ano interessante e desafiador. Mas percebemos que nós, professores, não nos eximimos de responder pelos nosso alunos. Adorei ver isso acontecer em todos os lugares!

Programas de Áudio

Uma das ações mais criativas que pudemos desenvolver neste ano que recém se encerrou foram dois programas de áudio compartilhados em plataformas digitais. Nascido com o intuito de nos comunicarmos com os idosos da UNAPI, primeiro inventamos o “Primeiras Páginas”, um programa de leituras de trechos de livros convidando-os a ler o texto de forma integral. Se quiseres ouvir alguns dos áudios, clique em: https://soundcloud.com/primeiraspaginas.

Outro programa inventado foi o “Minutos Literários”. Ele foi direcionado a crianças que, em casa, tinham poucas oportunidades de ouvirem novas histórias (narrativas e poemas, lendas e contos). Le pode ser acessado em: https://soundcloud.com/primeiraspaginas

O GELL e o GPELL

Um grupo de pesquisa vive de contatos, produtos, estudos, atividades.

Entre os contatos que fizemos em 2020, o mais intenso foi com o GPELL – Grupo de Estudos do Letramento Literário da FaE/UFMG. Criado por Graça Paulino há quase quarenta anos atrás, ele se organiza em reuniões quinzenais e tem como pauta desde estudos de teses e dissertações como políticas públicas, atividades e lives sobre o tema. Algumas dessas reuniões resultaram em publicações como em: http://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2020/11/graca-nao-veio-ao-mundo-passeio.html, http://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2020/10/sapos-e-bodes-no-apartamento.html e http://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2020/11/literatura-enquanto-construcao.html

Um tributo...

O GELL, em 2020, criou e deu curso a um Tributo à Graça Paulino. É uma memória que está sendo publicada entre 04/08/2020 m(dia em que sua morte completou um ano) e 04/08/2021. Para conhecer o projeto, clique em: http://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2020/08/um-ano-sem-graca-tributo.html